segunda-feira, 28 de março de 2011

  O capital internacional amplia sua presença nas áreas de produção agrícola em Mato Grosso. "Gringos" já controlam pelo menos 1 milhão de hectares com pecuária e produção de soja e milho



Estudos mostram que o processo de concentração de terras, em Mato Grosso, está cada vez mais acelerado. No Estado são muitos grupos e fundos atuando e os 20 maiores representam 20% de toda a produção agrícola. O volume exato das áreas concentradas ainda não é conhecido. “Estamos realizando um estudo para ver se conseguimos levantar esta informação”, afirma o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), Otávio Celidônio,
De acordo com analistas, dois fatores explicam este fenômeno: o primeiro são as facilidades e benefícios que o plantio em larga escala promove, como descontos na compra de insumos, benefícios na venda do produto, diluição dos custos fixos, eficiência na produção, otimização do maquinário e mão-de-obra. O segundo fator é a facilidade de entrada de grupos estrangeiros no Estado.
O estudo apontou que apesar dos benefícios do plantio em larga escala, há algumas dificuldades que todos os produtores do Estado enfrentam, como logística e endividamento. A maneira encontrada pelos produtores de Mato Grosso foi a mesma adotada desde a colonização do Estado. “O ganho de escala proporcionado pelo aumento de área e a conseqüente diluição dos custos fixos tornou-se uma necessidade e certamente será a tendência para os próximos anos, em Mato Grosso”, afirmam os analistas.
Para Otávio Celidônio, o fenômeno da concentração de terras é uma “tendência mundial” e não vem acontecendo somente no segmento agrícola de Mato Grosso. “Vemos este processo se desencadear em várias regiões, mas precisamos estar atentos para que não venha a atrapalhar o nosso desenvolvimento”.
Muitos produtores, por exemplo, já começam a ficar preocupados com o fato de o processo de concentração de terras vir acontecendo de uma forma “muito rápida” no Estado. “Seria melhor o Estado ter uma área com mais produtores que moram, produzem, fazem o comércio e promovem o desenvolvimento regional, do que ter a maior parte de suas terras nas mãos de poucos proprietários ou grupos”, frisa.
Ao lado de Mato Grosso, São Paulo e Paraná, os maiores índices de concentração de terras verificam-se em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia. Cerca de 60% das terras estrangeiras no Brasil localizam-se nestes estados. Nos seis, o tamanho das áreas destinadas à exploração varia. Alguns possuem entre 2 mil hectares e 5 cinco mil hectares. Outros, de 5 mil hectares a 10 mil hectares. Há também 10 mil a 20 mil hectares e superiores a 20 mil hectares.
CENSO - O Censo Agropecuário do IBGE mostra o agravamento da concentração de terras nos últimos 10 anos e o retrato de um modelo de desenvolvimento para o campo que está na contramão das preocupações ambientais e sociais. A concentração e a desigualdade regional são comprovadas pelo Índice de Gini da estrutura agrária do país. Quanto mais perto esse índice está de 1, maior a concentração. O censo mostra um Gini de 0,872 para a estrutura agrária brasileira, superior aos índices apurados nos anos de 1985 (0,857) e 1995 (0,856).

FONTE DIÁRIO DE CUIABÁ

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