sexta-feira, 20 de maio de 2011

ESSA NAÇÃO CORROMPIDA
Por Carlos Chagas


Em quatro anos, o então deputado e ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, prestou tão ricas consultorias que pode comprar um apartamento de 6 milhões de reais e um conjunto de escritórios valendo 800 mil reais. Supõe-se que  tenha faturado  mais, porque nenhum empresário vitorioso como ele colocaria todos os ovos  numa cesta só.   No mínimo,  faturou uns 10 milhões, mas vale ficar apenas nos números conhecidos.  Como deputado, recebeu no máximo 13 mil reais mensais. São 156 mil por ano, 624 mil  durante o mandato, se não tiver tido despesas de espécie alguma para manter-se. Por baixo, o  total de rendimentos dá 7 milhões e 424 mil reais no período.  Claro que  tem banqueiro, empreiteiro e  especulador  ganhando muito mais. Como também  não é proibido que parlamentares mantenham atividades empresariais.

O que espanta é um ex e atual ministro do Partido dos Trabalhadores  ganhar, de barato, 1 milhão e 856 mil reais  por ano, ou seja,  154 mil reais por mês. Enquanto isso um trabalhador recebe 545 reais nos mesmos trinta dias.

A palavra de ordem no governo é de  que ex-ministros valem muito no  mercado. Pela experiência, a capacidade, as informações privilegiadas de que dispõem e, em especial, a influência e a intimidade com antigos companheiros ainda ministros. Todas essas qualidades levam empresas privadas a buscar  consultá-los, porque elas, afinal, precisam continuar ampliando seus negócios. Em especial se negociam com o governo, executando obras e prestando serviços.

Fecha-se o círculo. Somos uma nação corrompida, mesmo sem a fulanização de corruptos e corruptores, geralmente acobertados pela lei feita por eles mesmo.

Nem é preciso lembrar que o ex-presidente Lula cobra 200 mil dólares por palestra,  realizando três ou quatro por mês, valendo o mesmo para Fernando Henrique Cardoso, só que recebendo a metade, para horror de seu ego. Tais faturamentos são eticamente  inexplicáveis porque  ofendem  a classe média que um procura seduzir e mais ainda  o trabalhador, que elevou o outro ao poder.

O mal, assim, não está nas consultorias oferecidas por Palocci, nem nas conferências pronunciadas pelo torneiro-mecânico ou pelo sociólogo. Está no sistema que nos assola. Nessa falsa livre concorrência que privilegia uns poucos e maltrata o resto. Com o PT acontece a mesma coisa acontecida com o PSDB e acontecerá, com todo o respeito, até com o Psol.

Enquanto prevalecer esse modelo perverso, adiantará muito pouco a alternância no poder.   São e serão todos iguais.

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